Eu te diria palavras de esperança se tivesse oportunidade. Te falaria como sempre o sol nasce, e da tempestade que sempre passa. Eu sei que o frio anda tão dolorido, as noites andam longas de mais e esse chuvisco não está ajudando em nada. Os dias verdes são cada vez mais escassos, as tardes de verão parecem tão distantes que a ideia de que o inverno nunca mais passará nos provoca medo, nos faz desacreditar no amanhã, mas nós precisamos nos lembrar de que acreditar é necessário, que é a única coisa que não nos fará ficar pelo caminho. Mas não me interprete mal, é preciso parar sim pelo caminho vez ou outra, parar pra descansar da labuta que é viver, parar para agradecer pelas flores que ainda encontramos pelo caminho, poucas, mas que nos reanimam a continuar procurando por beleza, precisamos parar pra admirar as surpresas boas que ainda recebemos, e a capacidade que temos para lidar com as que não são tão agradáveis assim. Sim, somos capazes. Somos dotados dessa capacidade de adaptação que nos alegra por sabermos que o dia de amanhã que está por chegar, é só uma questão de tempo, e sendo o mais clichê possível, não há nada mais confortante do que saber que sempre haverá um dia após o outro. Mas por onde anda sua crença no sempre, sua crença no amanhã? Porque seus olhos estão tão voltados para o passado, se queixando das feridas enquanto as lambe, em vez de aprender com elas e olhar para frente? Tudo sara, qualquer ferida se cura, você e sua alma são maiores que qualquer lamúria momentânea, que qualquer sangramento causado por alguém que não mereceria nem seus suspiros, quem dirá suas lágrimas. Eu tenho nos observado daqui, eu tenho citado cada detalhe camuflado pra que nada passe despercebido, mas quem diz que você tem olhos para ver? E se tem, não anda fazendo muita questão. Ver somente o que é feio, o que está deteriorado, e o que não nos faz bem é suicídio! Eu já abri mão desses instintos masoquistas, porque você também não tenta? Não sabes como é renovador, não sabes como é encantador cantar o verde das arvores, e sorrir para o céu sentindo a chuva tocar nosso rosto. Sentir na alma a chuva que renova; a chuva das flores, e não a tempestade que destrói, ou então o chuvisco que traz melancolia. Vamos brincar de escrever poesias, vamos voltar a cantar canções que falam de esperança, vamos caminhar por aí sem destino, simplesmente pelo prazer de caminhar, de conversar coisas sem nexo, de rir, vamos desenhar na pele, e vamos ler os olhos de quem conversa com a gente. “Vamos crer em nós, e crer na nossa capacidade de amar, vamos viver e nos permitir.” Esse é minha única prece pra hoje. Amém!
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