Estive pensando: minha Rosa foi – é –
mais que uma simples rosa. Minha Rosa transcendeu todos os papeis que
desempenhou por aqui. Foi mais que filha, mais que irmã, mais que esposa, mais
que mãe... Minha Rosa foi maior e melhor que tudo que lhe pediram, tudo que lhe
impuseram e tudo que ela quis ser e fazer. Era uma rosa que não tinha espinhos,
uma pessoa de luz que clareou muitas vidas por ai – inclusive a minha.
Minha Rosa foi um lugar. Tinha cheiro,
textura, calor. Não tinha hora marcada, seu tempo era só seu e eu adorava
acompanhá-la na sua dança das horas. Tinha historias escritas que enchiam
corredores daquela memória que guardava tanta lembrança que biblioteca nenhum
poderia servir de repouso pra sua vivência. Sem contar o jeito (re) contá-las
que me encantava cada vez que elas eram repetidas.
O lugar que eu chamava de minha Rosa,
tinha um som tão característico que nunca mais o ouviria por ai senão dito por
tua voz ecoada na memória que aos poucos vai sumindo de vez. Uma rouquidão
grave e calorosa que aquecia ate a alma do amigo mais cético que viesse nos
visitar. Um som que emitido ao pé do ouvido me enchia de um amor tão único, que
amor nenhum serviria de comparação.
Um lugar tão especial que
independente da sua dor, ela se amenizava quando você se aproximava dela. Tinha
mãos tão calorosas que eram as únicas capazes de aquecer as minhas que agora
passam semanas gélidas. Um colo tão protetor que até o mais terrível dos meus
medos parecia nada quando eu estava aconchegada, aninhada ali. Sem falar do
cheiro de segurança e de cuidado. Da proteção que inspirava aquele olhar tão doce.
Sinto falta da crença no amanhã, das soluções
que viriam e que eu só precisava acreditar. Sinto falta de saber que por mais que
o mundo fosse duro eu tinha onde desmoronar. Sinto falta desse lugar que era
seu abraço. Sinto falta de quando segurava minhas mãos entre as suas e me
chamava de ‘minha rosinha’, aquela era a hora em que eu me sentia mais
orgulhosa, só porque eu pertencia à mesma matéria que você, minha Rosa.
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