Quando
mais nova, diziam que eu era ‘mansa’, calma, que era uma pessoa simples de
lidar. Diziam que meu coração era bom e puro e que eu sabia perdoar com uma
facilidade digna de anjo. Quando mais nova, eu tinha uma facilidade tão grande
em acreditar nas pessoas, na vida, no arrependimento delas por seus erros, que
eu até era crente de todos os adjetivos que me atribuíam e dessas imensuráveis qualidades
que atrelavam a minha personalidade... mas estive observando, vendo como as
vezes uma raiva tirânica toma conta de mim e leva minha racionalidade pra longe
das minhas ações. Fico cansada, fico com raiva e sinto tanto medo. Não sei se é
esse misto de saudade, revolta e infantilidade, que faz de mim uma criança
mimada e acuada por tantos nãos e frustrações que teve, que não consigo
arrancar de mim esse buraco negro que tenho dentro do peito. Passo tanto tempo
sem falar do monstro que quando ele aparece parece ter o dobro do tamanho da
ultima vez que o vi e ai só resta uma coisa que ainda consigo fazer: chorar. Fiz
tanta besteira, cometi tantos erros por desespero, simplesmente querendo fugir
desses monstros que me atormentam... passei toda essa fase querendo não olhar, não
sentir, não tocar e muito menos enfrentar, que hoje quando olho pra trás, fiz
do momento mais delicado da minha vida uma coisa feia, sem sentido, recheada de
mentiras e de negações de um sentimento de mão dupla... O amor. É clichê, eu
estou sendo repetitiva, eu sei... e também não me importa o que pensem sobre
minha falta de originalidade, mas é que eu sinto tanta saudade e essa saudade
faz brotar no meu peito uma revolta sobre o porque dessas coisas insistirem em
acontecer! Meu conceito de justiça não combina com a ordem que a vida segue, não
combina com como o mundo gira e sobre como as coisas acontecem. Sou uma eterna
desajustada, não sou como me descreviam a um tempo atrás, sou o contrario. Sou fúria
adormecida por medo de quem posso vir a me tornar. Não tenho aquela capacidade
de perdoar que me disseram que eu tinha, na verdade, sinto vontade de matar uns
e outros por ai.
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