
Eu queria explodir, gritar e me desmanchar em
pedacinhos tão pequenininhos que eu precisaria de semanas pra me remontar. Eu queria
me espalhar pelo universo, e como em pecinhas de um quebra-cabeças infinito
como a vida, mostrar que é tudo muito mais complicado do que eu deixo
transparecer. Que o complicado de verdade, está no que não foi dito, no que
está guardado debaixo de sete chaves. Quando essas vontades pareciam tão grandes
assim, eu deixava bem claro pra mim mesma, que gritar ou tocar bateria o mais
alto e forte que eu pudesse, não fariam meus pensamentos silenciarem. Ficava
bem explicito que sair correndo não adiantaria, porque o que me dói ou incomoda
corre bem mais rápido do que eu, e faria piada de mim quando me alcançasse. Só
que mesmo tendo consciência dessa merda toda, as vontades de fuga não passam.
Fico refletindo do silencio escuro
do meu quarto, e até gosto do desajuste, até gosto das diferenças que definem
quem eu sou, mas como faço pra que entendam, aceitem e em uma utopia louca,
gostem? Sempre amei nadar contra corrente, me fazia ficar eufórica por
defender algo que me fazia encher os pulmões pra dizer – eu acredito! Mas tenho
me sentido em uma piscina de hidromassagem, confortável, numa porra de zona de
conforto, ao som de uma trilha sonora que caçoa da maturidade que dizem que eu
tenho.
Minha mãe diz que pessoas como eu,
que sofrem caladas, sofrem de uma forma mais aguda. E fico pensando, se até
minha progenitora que costuma ser o cumulo da negligencia pensa isso de mim,
imagina o quão abafadas não estão as coisas? Agora começo a rir de nervoso,
assim escondo as lagrimas nos olhos. Ela me diz que já estou velha pra ter crises
de adolescência, mas ela mal sabe que ainda estou presa em uma infância onde
era mimada por uma rainha que partiu para um reino muito, muito distante. O nó
na garganta nesse exato momento está me asfixiando, e eu que queria gritar no
começo desse texto, agora só quero respirar. Me pergunto onde está o oxigênio.
E completo perguntando o que é o oxigênio pra mim?