O que eu acho mais interessante no
meu ‘anjo da guarda’ com sorriso de mulher e olhar de menina, é que ela insiste
em levantar questões que custam sair da minha cabeça. Quando eu me adapto a
ultima, ela vem com uma nova e aquele velho nó se refaz e lá vou eu tentar
desamarrar aquele pensamento e dar continuidade a minha vida.
Esse anjo da guarda vive
escancarando os meus medos bem na minha frente, porque mesmo se eu evitar
olhá-los pra qualquer direção que eu vire o rosto eu me depararei da mesma
forma e com a mesma intensidade com todos eles, enfileirados, esperando a sua
vez de serem olhados, analisados, enfrentados, mortos ou quem sabe
multiplicados se a coisa de olhar pra eles não der muito certo.
O ultimo de seus comentários não foi
referente a minha casa, minha Rosa, minha família, meus relacionamentos ou quem
sabe meus estudos. Há mais ou menos umas três semanas esse anjo joga a seguinte
interrogação no meu colo e fala: vire-se com ela. Lá estávamos nós na correria
da entrega de trabalhos pra alcançarmos a ilusão de que notas nos dão a
garantia do conhecimento, tomando energético e tagarelando. Era visível que meu
copo estava pouco menos que pela metade e ela perguntou se eu não ia tomar
mais, eu respondi dizendo que já tinha acabado e se ela não poderia colocar
mais um pouco pra mim.
Bom, não tinha acabado, e ela fez
aquela mesma cara: sobrancelha direita arqueada, lábios franzidos e olhar
inquisidor – devo ressaltar aqui a raiva e o medo que esse olhar me causa – e disse:
Não Jê, não acabou. Tive uma espécie de insight e conclui que de fato não havia
acabado. Antes que eu conseguisse sair do emaranhado de pensamentos que tomou
conta de mim você vem com a tal questão e me atropela: por que você nunca
termina de tomar nada até o fim? Seja o energético, seja um copo de café,
refrigerante, nada, nada é bebido até o fim, o você sempre diz que acabou.
Enfim, eu ainda não achei resposta
pra isso, mas sinto que de alguma maneira isso está relacionado com a minha
vivencia. Já quis levar isso pra terapia, mas tenho medo que minha psicóloga ria
de uma pergunta aparentemente tão simplesmente, mas que gerou um abalo sísmico dentro
de mim. Ai Kaká, me pergunto que dom é esse que você tem de vir e levantar questões
as vezes cretinas do tanto que me azucrinam, outras tão sensatas que me fazer
repensar atitudes.
Pra que eu possa concluir esse texto
meio bagunçado como a minha cabeça queria te contar qual foi a finalidade dele.
Era só pra dizer duas coisas. Primeiro fico imensamente feliz de você não ter
dado ouvidos a sua insegurança no começo do curso e desistido do mesmo. Que você
está sim no curso certo e que vai fazer uma diferença enorme na vida de muita
gente que lhe for dada a oportunidade de ajudar. A segunda é mais egoísta, e
talvez nem seja egoísta e sim pessoal, uma forma de agradecer. Eu sei que você as
vezes fica brava com minha teimosia, mas como criança que as vezes tem que
quebrar a cara, eu me encaixo perfeitamente nesse perfil. E que é ótimo ter um
anjo da guarda como você. Falo anjo não no sentido literal e sim de
significado, porque uma vez que você me faz refletir e muitas vezes enxergar o
que sozinha eu não conseguiria, acaba por resgatar de mim o que eu vivo
esquecendo, e que muitas vezes é o melhor que posso ser!
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