quinta-feira, 14 de abril de 2011

Negligência.



   Eu odeio isso! É, odeio! Dar uma coisa por encerrada e ela ficar tomando tanto espaço na minha mente - mais do que eu julgaria ser normal – que se torna o pensamento mais latente dos últimos dias. Eu odeio deitar na cama e não dormir. Odeio tentar ler e te enxergar nas entrelinhas. Odeio tentar escrever e acabar declamando teus versos. Eu odeio olhar pra alguém e reconhecer seus traços. Seus! Só seus! E que, poxa, não deveriam estar ali.

   Eu relutei tanto em escrever todas essas linhas. Em dar forma e contorno a esses pensamentos latentes que não param de ir e vir na minha mente cansada de falsas distrações. Não sei se é porque não queria acreditar, porque seria de certa forma a concretização do final da peça encenada nesse meu mundo chato. Eu só sei que não queria ter que levantar aplaudindo o espetáculo de um romance neurótico e em seguida ir embora sem nem ao menos sorrir para o artista para que ele entendesse o quão marcado a sua historia ficaria na minha.

   Eu te fiz meu âmago, mas quis que só me tivesse em superficialidades. Eu sempre teimei em te convencer de que o pior que eu tinha era só o que era real, mas esses seus olhos de selva que engole a gente, teimavam em ver mais, em ver adiante. E eu lá, firme em minha meta de te fazer acreditar como eu não merecia o presente que você tantas vezes tentou entregar. Eu cheguei a ter em mãos esse presente, mas nunca o quis abrir. E o que é mais trágico/cômico, é que eu consegui o que eu tanto queria. Só que eu não estou me sentindo muito contente por isso.

   Eu entendo que fui eu quem conduziu a situação a esse pé, mas por Deus, todos sabem que meu senso de direção é mais desnorteado que a bússola daquele museu. Estou me sentindo como um maior abandonado. Com mil e uma possibilidades, mas sem ânimo para nada. Sabe, já me perguntei n vezes – é isso ai mesmo? Só que você nunca me responde. Acho que porque fui eu quem respondeu primeiro a essa pergunta, então já não há mais o que ser (re) respondido. E essa questão é só um flash latejante de um momento infeliz que meu inconsciente teima em vivenciar.

   Eu tentei me policiar o tempo todo, me revestir de ironia, sarcasmo e todas as falas ácidas que eu tinha no meu estoque de falas emergenciais. Àquelas sabe? As que a gente usa pra evitar que a nossa fragilidade seja transparecida, entende? Mas nesse jogo de xadrez hipotético, minhas vontades e impulsos sempre ganham de mim, e agora eu estou aqui, me denunciando e constatando o quão inútil é querer e tentar sublimar o que é inevitável e transparentemente observável meubem. O fato é que perder não incomoda tanto quanto dar-se conta do que foi perdido. Enfim.

   Eu não entendo despedida, e por mim eu nunca teria vivido a minha coleção desse artefato desagradável. E eu só queria te dizer, que sinto muito essa sua falta, e que tudo o que eu tenho escrito, são as coisas que eu deveria ter lhe dito há muito, mas muito tempo mesmo. E que hoje eu entendi o que você me falou quando me disse que, eu ate poderia vir a decidir atravessar a porta e entrar, mas que tudo que eu encontraria ali dentro, seriam as memórias e o vazio das possibilidades que um dia existira. É! Hoje eu entendi muito do que você tentou me explicar...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ah meu bem...


- Ah meu bem, não é porque estou meio tonta que essas minhas palavras me saltam vivas e se desenham no papel, mas de repente me veio essa vontade exacerbada de dizer coisas que eu tinha sucumbido só pra não me proporcionar o desprazer de concretizar o que eu não queria aceitar. Eu até quis entender, quis forçar-me a recordar de alguém que agora eu entendi que nada mais foi que distorção de realidade, mas meu bem me perdoe, eu sempre tive essa tendência a amores autistas, bipolares, borderline e esquizofrênicos e todos mais possíveis que insistem em dissimular o que eu sei que sempre senti e sinto, mas que sempre se torna inútil diante de todas essas tantas confusões. Ah se fosse tão fácil quanto dois mais dois são quatro! Porem, no meu ultimo livro lido, o pai da menina dona da imaginação mais esplêndida que já tive contato, advogado renomado e bem-sucedido, esclarece que no mundo dos adultos, nem sempre dois e dois são quatro. Mas são o que então???  Ahhhh, eu não entendo. Acho que nunca fiz parte desse mundo dos adultos - e francamente não sei se quero fazer! Eu estou cansada de explicações que deveriam estar tão na superfície que eu não consigo entender porque as pessoas mergulham tão profundamente pra buscá-las. A realidade não é essa verdade inventada, é simplesmente a interpretação que cada um faz daquilo que vivencia. E cada um escolhe a realidade que melhor lhe cabe. Mas meu bem, qual é a realidade que melhor NOS cabe nesse momento de naufrágio? Acho que a realidade inexistente é a melhor opção. E mais do que o gesto expressado, o gesto recebido conta bem mais, certo? É o que realmente importa e determina se ele tornará a se repetir. E nesse quebra cabeça de amontoados de expressões e atitudes, somos réus e reis, somos exilados e animais alados, como diria a menina do livro que eu tanto me identifiquei. Ela que faz bem em não querer que ninguém se meta no seu mundo, em querer apenas descobrir o sentido de tudo por si só, sem ter que dividir isso com quem quer que seja. Perder é dilacerador. E dar-se conta do perdido é medonho. Eu so queria te dizer meu bem, que há males que vem pra bem, e que eu talvez seja sempre esse mar de contradições, tecendo enredos confusos no meu mundo chato... mas sempre desejando e tentando conquistar a tal liberdade. Porque meu bem, “não se aprisiona o poeta”

domingo, 10 de abril de 2011

Tic-tac; tic-tac; tic-tac...



- Deitada em teu leito, protegida pelo manto que lhe aquecia, eu apenas a observava. Procurava decorar cada detalhe dessa forma artística, esculpida em corpo de mulher, e assinada pelo meu grande amigo maestro, Destino! Sentia o peito disparar, a barriga contorcer, o sangue que pulsava a cada minuto mais rápido parecia querer me fugir das veias. O ar parecia me faltar, o oxigênio era insuficiente para impulsionar qualquer reação que fosse. Aquela luz baixa em tom avermelhado só trazia a tona desejos e lembranças que pareciam me consumir. E eu ali. Parado, apenas a observar. A noite passava vagarosa, parecia estar combinada com a minha total insônia. A cada minuto que passara, eu me torturava mais por não esboçar nenhuma atitude. A cada suspirada mais profunda da respiração dela, meu coração parava de bater e só reiniciava meus batimentos 3 segundos depois. Ah coração traíra! Que me falta quando eu mais necessito de ti. Lá fora o céu está esplêndido. A chuva que caíra durante o entardecer alem de, trazer o frescor da umidade, limpou o céu de tal forma que me parecia mais um espetáculo teatral do século XVIII a dança das constelações no céu. Cenário perfeito. E eu ali. Parado. Apenas a observar...
  - Amanheceu.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Me perdendo em coleções de poesias.


"Nesses silêncios em que me perco,
fantasmas de meus eus que a terra traga,
pedaços de meus eus que o medo em vão esmaga,
se juntam aos cacos de outros eus que - estranhos encantos -
emergem múltiplos em novas plagas..."

"Anti-heróis cambaleantes se apossam de mim,
Vejo putas peitudas gemendo grana,
Bundas tesudas chamando carícias,
e orgasmos sonâmbulos em noites de porre,
copulando vadios com sombras de corpos"

"Tenho tantos nãos a proclamar, tanta recusa;
tantos sins me fazem fogo e a vida é curta.
Trago víboras no peito e seu veneno rasga,
páginas escritas com tintas de morte"

"A minha loucura nao cabe nos livros,
zomba solteira dos ids e egos;
visita o Olimpo, transita o nirvana,
celebra entre lágrimas, os naufrágios do amor.
A minha loucura é louca demais, e insana,
tem sabor de pão dormido,
é tanta... tanta... tanta..."

"Esculpo na tela da solidão que me invade
o teu eu, o teu meu, o teu nós,
a possibilidade de ter-te, a paixão atrevida,
a face chupada de madrugadas vazias."

"Vê se entende:
romper as amarras
não é o acaso.
O pássaro
que rompe meu peito,
abraça a aurora...
... todavia
não se prende o poeta!!!"


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Paradoxal.


Eu nunca quis mentir essas tantas verdades,
mas hoje meu bem,  estou sem um pingo de sono 
e com o paladar aguçado para tudo que for ácido.
Ela me disse "se permita viver, apenas isso"
Oh meu bem, as coisas não são tão simples assim
Afinal, eu nunca fui tão simples assim, certo?
Penso, penso e repenso...
e novamente o tempo de agir já passou
Não quero ideais para viver minha vida
quero uma realidade que me agrade vivê-la
Mas por favor meu bem, por favor
não espere que eu vá te ferir pra ter o que quero
É que eu sempre tive esse péssimo hábito 
esse hábito de considerar de mais,
quem nem merecia respeito, e vice-versa
Comigo as coisas sempre foram invertidas mesmo.
Minhas ansiedades não param de crescer,
e meus desejos e vontades estão a flor-da-pele
(Que bom que aprendi a dissimular meus semblantes!)
Em que momento perdi a minha espontaneidade?
De fato essa é uma ótima pergunta meu bem.
Pode ter sido só mais uma pulsão de sobrevivência;
só mais uma tentativa de adaptação (ao que não é adaptável)
Tudo em vão e sem porquês. Paradoxal.
Nunca tive instintos violentos, mas hoje estou procurando pro briga!
Por favor me traga uma dose de qualquer bebida forte!
Quem sabe José Cuervo me derrube na cama;
Talvez algumas doses, ou algumas garrafas
me façam escapar dessa realidade frustrante.
Quero algum anestésico, uma válvula de escape.
Alguém para descontar minha raiva de mim mesma
e depois morre der rir disso tudo aqui dentro.
Quem foi mesmo que disse que rir de tudo é desespero?
Melhor ainda meu bem! Cancela a a tequila e o anestésico.
Cancela também a briga e as gargalhadas nervosas
e veja se me trás um pouco mais de você.
Quero uma overdose dessa complexa mistura 
quero pele e quero paixão, sentimentalidades e prazer.
Amanhã voltamos a conversar essas questões de sobrevivência!
Mas por hora, me traga um pouco mais de você. Meu bem!

[...]

domingo, 3 de abril de 2011


Socorro - Arnaldo Antunes/Alice Ruiz
Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...
Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...
Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...
Socorro!
Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada
Socorro! Eu já não sinto nada...
Socorro!
Não estou sentindo nada [nada]
Nem medo, nem calor, nem fogo
Nem vontade de chorar
Nem de rir...
Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Eu Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...
Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate
Nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...