segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Bonitos presentes


Tudo que tenho nessa vida é abstrato e não pode ser tocado.
Guardo com carinho na memória esses meus tantos retratos
Cheios de remendos ao mesmo tempo absolutamente intactos
Recheados por todos meus vários sorrisos, carinhos e abraços.

Tudo que nessa vida tenho não é palpável por quem não ama.
Tenho aqui comigo o que todos os tolos julgam desnecessário
Mergulhados na tolice da crença em abundancia dos mesmos
Não veem o valor dos sorrisos, carinhos e abraços ganhados.

Tudo que dessa vida não abro mão nem que me surre a alma
Muitas vezes quem me deu nem imagina ter me presenteado.
São detalhes paradoxalmente tão gigantescamente minúsculos
Que só meu coração de menina sonhadora é capaz de enxergar.

Tudo que poderei levar dessa minha vida e que nunca me deixará
Não caberá em nenhum bolso, cofre, mala ou bagagem qualquer.
E só em um lugar poderá permanecer vivo e ecoar no pra sempre.
Apenas dentro desse mesmo coração de menina que vive a sonhar
Que um dia de presente ganhou, sem ao menos saber se merecia.
Sorrisos, carinhos e abraços baseados na verdade do que é o amor.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A casa de João e Maria Rosa


Hoje quando acordei a primeira coisa que veio a minha mente foi a primeira vez em que cheguei a sua nova casa onde passei 17 anos da minha vida. Eu estava com a minha mãe e na época por ainda não termos um carro tínhamos descido em um ponto de ônibus errado e por isso já havíamos caminhado bastante. Minha mãe trazia meu irmão caçula de 1 anos nos braços e por isso eu estava caminhado também. Era curioso como eu estava cansada pelo tanto que já tinha andado, mas a ansiedade de encontrar a nova casa da minha Rosa era tão grande que eu nem me importaria em andar mais, estava eufórica por conhecer o quintal onde desfrutaria de tantas aventuras, reuniria todo meu batalhão de primos e brincaríamos de todas as brincadeiras que nosso avô brigão nos permitisse.
No dia anterior minha mãe havia dito que o quintal era enorme e que haveria arvores pra subirmos, que poderíamos brincar até a exaustão nos derrubar na cama. Dava pra correr, andar de bicicleta (a parte da bicicleta servia de estímulo) e desfrutarmos de todo o espaço com o que mais quiséssemos. Parecia o paraíso porque tinham associado à pessoa que mais me passava segurança no mundo com o que seria quase um parque de diversões pra uma criança que não costumava pedir muito pra se divertir.
            Minhas pernas de quatro anos de menina ansiosa de saudades e vontade de encontrar a Rosa já estavam exaustas, difícil exigir uma maratona de alguém tão nanica. E quando minha mãe percebeu meu cansaço, nos sentamos na calçada para descansar um pouco e como em uma visão do Oasis em um deserto ela me apareceu, linda, segura e com aquele sorriso tão gentil nos lábios. Seria eu capaz de descrever aqui a sensação que tenho guardada na lembrança ao encontrá-la? Penso que não. Foi como se eu tivesse sido tomada outra vez por aquela força mágica que move as crianças de todo mundo, e todo o cansaço desaparecesse. Eu estava simplesmente feliz. Minha heroína tinha pressentido o fato de estarmos perdidos e tinha nos encontrado por um acaso que eu só chamaria de amor.            
            Outras fagulhas de lembranças que tenho desse dia são o abraço apertado que esmagou a saudade da minha Rosa, o beijo no rosto com tanto carinho que fazia eu me sentir a pessoa mais especial do mundo e o cheiro da Rosa. O perfume que ela tinha cheiro de mãe/avó, incomparável e único que ficou tão marcado em mim que ao fechar os olhos e lembrar me vem nítido e me dispara o coração num sopro de saudade.
            

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ditos aleatórios


Disseram que os meus dois maiores orgulhos que tenho nessa minha vida são plágios de gostos alheios. Menosprezaram de maneira covarde a única coisa que mantém a sanidade em mim ainda e vejam só, isso me atingiu de maneira tão direta que estou aqui com medo de escrever e ser ridicularizada. E o pior não é isso... O pior é o riso desesperado preso a uma garganta dolorida de tanto abafar gritos doloridos de uma saudade que nunca vai sarar.
            Antigamente eu costumava acreditar na segurança que minhas palavras escritas me traziam, e mais, a outra dimensão que a musica sempre me trouxe era de uma sensação que poderia ser invejada por quem possui os salões mais esplendidos dentro da alma e da memória. E ninguém mesmo nunca fez ideia da estabilidade que aquilo poderia trazer a uma alma que tem vagado um tanto quanto perdida entre vocês. Mas a analogia ao plágio desse gosto gerou tamanhas rachaduras nas estruturas do meu mundo que meu corpo tem sentido a dor física que o infortuno emocional pode trazer.
            Hoje, a cabeça gira por falta de um lugar fixo e seguro onde me manter. Os olhos doem tanto que tenho vontade de arrancá-los, quem sabe assim não veria o que os fazem chorar. O corpo pede socorro e se tortura por sua incapacidade de modificar as coisas que ficaram depois que quem se amava não ficou e o estomago tenta desesperadamente jogar fora aquilo que está fazendo tão mal. Mas que ironia, não consta nada no mesmo, e o que faz mal é tão abstrato quando a própria dor. Não se toca a saudade, na se mede a saudade e não se expulsa a mesma em um vômito compulsivo da alma.
            Por ultimo, o que dói e já se tornou corriqueiro é o coração. Acelerado, descompassado, reassistindo compulsivamente a cena que no momento que acontecia já sabia que seria o divisor de águas daquela vida. Um coração que fora amado e que ainda ama, mas que confesso não saber o que fazer com tanto amor, ele não cabe mais aqui, e não cabendo, não sei onde colocá-lo. Enfim, mais um dia amanheceu.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sorrisos.


Vamos lá, me parabenizem!
Parabenizem-me porque se tem uma coisa que sei fazer bem é fingir.
Fingir sorrir enquanto ouço você falar sem prestar nenhuma atenção, fingir prestar atenção enquanto há um sorriso nos meus lábios que faz parecer que o assunto me agrada ou a lágrima nos meus olhos que faz parecer que estou comovida com você e com seu mundo patético é legítima.
Dê-me os parabéns, porque não conheço ninguém que consegue interpretar por tanto tempo um papel com tamanha perfeição pra esconder encolhida ali atrás da porta da sala de estar da minha alma, toda tristeza que mora nela. Um feito como esse mereceria mais que uma citação no livro dos recordes, mereceria a total absolvição de todos os medos que não deixam esse sorriso desaparecer. 
A vontade de matar e depois morrer deveria desaparecer também, penso que seriam premiações perfeitas pra atos nada heroicos de burlar o sistema da vida e continuar agindo como se nada que acontecesse afetasse ou fizesse alguma diferença. E será que realmente fazem? Será que alguma coisa vai doer enquanto essa dor tão grande mora aqui? Acho que não! Melhor continuar sorrindo porque a loucura é privilégio de poucos, e eu ainda não enlouqueci pra desfrutar do mesmo...
Apreciem os sorrisos que não consigo evitar!

Desmontando a saudade no mês de agosto


Meu coração se desfaz em tantos pedaços quando a saudade de você aperta! Tantos pedaços que eu não poderia contar o numero de lagrimas que tem caído de meus olhos desde que minha Rosa se foi. E por mais que eu tente abafa-las e evitar que elas me escapem, elas seguem o seu curso frenético impedindo que qualquer coisa alivie a dor que a falta trás.
Como já tentei explicar aos que ficaram como é sentir-se assim! Como é perder quem mais se amou nessa vida, a única por quem você daria sua vida por um abraço! Tão inútil quanto qualquer outra tentativa de burlar a dor é querer fazer entender a quem nem sabe diferenciar amor de verdade de mero gostar social, ou sei lá qual a ordem que os sentimentos dessas pessoas decorram.
            Eu continuo com medo e com frio, queria saber o que fazer com essa saudade e essa falta que me abraça todas as noites, mas eu não sei. Sou fraca, sou de carne, osso e o pânico corre com uma intensidade considerável em minhas veias, e eu juro que tentei mostrar isso pra quem ficou, mas por não terem visto, desisti. Agora me respondam, como se continua a vida não tendo quem se ama do lado? Vivi tempo demais dentro de uma segurança digna de soluços de emoção. Ali não importava o que eu fizesse ou quem eu fosse aquele sempre seria o colo que eu poderia deitar no final da tarde, e que curioso, foi no meu colo que ouvi tua ultima respiração.
Esse é o mês do seu aniversario, como diria você mesma, mais uma primavera que se completaria. No ano que passou e você ainda estava aqui, lhe dei rosas com um cartão que agradecia a Deus por enfeitar a vida com as flores e em especial a minha com uma Rosa tão linda. Eu vi você se emocionar com os escritos, será que sabia que era o ultimo aniversário? Será que sabia que sabia que enfeitaria minha vida por só alguns meses pela frente? Eu poderia imaginar o que iria acontecer tão em breve? ...
            Só queria que soubessem que desisti de tentar fazer vocês entenderem, e que cada vez que uma lembrança vem à tona eu a abraço e choro sozinha, no meu mundo onde ela existiu e cuidou de mim enquanto eu também lhe cuidava. Queria dizer que vocês não sabem como é ruim chegar a hora em que era sagrado encontrá-la e simplesmente não ter pra onde ir. Vocês não sabem e eu desisti de querer fazer entender, por isso o silêncio, por isso o querer estar só comigo e minhas lembranças do que era seguro!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pouco a dizer.


Alguns diriam que seria bobagem, frescura ou quem sabe só mais uma crise de identidade dentre tantas as que já tivera vivido até ali. Não importa, era o que sentia vontade de fazer e o fez. Talvez a primeira vez que tenha agido de maneira autentica e leal para consigo mesmo, ou talvez tenha aprendido um pouco da arte do egoísmo e do não acreditar em nada que não dependa de si. E aquilo sim, invariavelmente era a obra prima de sua vida. Sua libertação de mitos e placebos que lhe prenderam por tanto tempo em algo que o enraizava incondicionalmente em seus medos. E como era bom separar-se da mascara e novamente olhar no espelho, olhar para si, para quem realmente era. As vezes o preço pra se libertar é alto demais e custa a dor de terceiros, mas compensa abandonar a empatia e simplesmente fugir pro que realmente é você.