sábado, 27 de outubro de 2012

Passaraninhando



  
   Era uma vez um passarinho que fora tirado do ninho muito pequenininho e que cresceu dentro de uma gaiola. Lá ele tinha comidinha, água fresquinha, mas aquela não era sua casinha. Seu canto era triste e contido e parecia que cantar sozinho não era o bastante. Então o passarinho decidiu voar.

   Quando o passarinho voou ele encontrou outro passarinho que não fora apartado do ninho pequenininho, mas que na verdade, nunca saiu dele. Esse outro passarinho sentia um desejo incontrolável de também sair voando, mas sempre que tentava tinha suas asinhas cortadas. Quando os dois passarinhos cantaram juntos, resolveram sair voando os dois.

   Os primeiros tempos de voos, liberdade, canto e asas intactas fora absolutamente incríveis. Mas logo foi ficando pesado demais se manterem por si sozinhos. Os cantos não pareciam mais estar na mesma melodia, e a gaiola e o ninho estavam de volta de uma forma abstrata porque não podia ser tocada, mas tão real que os passarinhos já não sabiam como sobreviver ali, longe deles. Foi ai que voltaram ao começo da historinha...

   Hoje os passarinhos estão de volta cada um a sua respectiva de realidade inicial, um na gaiola e o outro no seu ninho de infância  se cobrando respostas para os porquês da liberdade não ter funcionado pros dois passarinhos que só queria voar sozinhos. Mas a grande verdade é que até pra se ser livre você precisa ter estrutura e os pobres dos passarinhos não as tiveram. Ate pra ser livre precisa-se arcar com responsabilidades, e os passarinhos eram apenas passarinhos. Fim.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Meio vazio é vazio por inteiro


            O que eu acho mais interessante no meu ‘anjo da guarda’ com sorriso de mulher e olhar de menina, é que ela insiste em levantar questões que custam sair da minha cabeça. Quando eu me adapto a ultima, ela vem com uma nova e aquele velho nó se refaz e lá vou eu tentar desamarrar aquele pensamento e dar continuidade a minha vida.
            Esse anjo da guarda vive escancarando os meus medos bem na minha frente, porque mesmo se eu evitar olhá-los pra qualquer direção que eu vire o rosto eu me depararei da mesma forma e com a mesma intensidade com todos eles, enfileirados, esperando a sua vez de serem olhados, analisados, enfrentados, mortos ou quem sabe multiplicados se a coisa de olhar pra eles não der muito certo.
            O ultimo de seus comentários não foi referente a minha casa, minha Rosa, minha família, meus relacionamentos ou quem sabe meus estudos. Há mais ou menos umas três semanas esse anjo joga a seguinte interrogação no meu colo e fala: vire-se com ela. Lá estávamos nós na correria da entrega de trabalhos pra alcançarmos a ilusão de que notas nos dão a garantia do conhecimento, tomando energético e tagarelando. Era visível que meu copo estava pouco menos que pela metade e ela perguntou se eu não ia tomar mais, eu respondi dizendo que já tinha acabado e se ela não poderia colocar mais um pouco pra mim.
            Bom, não tinha acabado, e ela fez aquela mesma cara: sobrancelha direita arqueada, lábios franzidos e olhar inquisidor – devo ressaltar aqui a raiva e o medo que esse olhar me causa – e disse: Não Jê, não acabou. Tive uma espécie de insight e conclui que de fato não havia acabado. Antes que eu conseguisse sair do emaranhado de pensamentos que tomou conta de mim você vem com a tal questão e me atropela: por que você nunca termina de tomar nada até o fim? Seja o energético, seja um copo de café, refrigerante, nada, nada é bebido até o fim, o você sempre diz que acabou.
            Enfim, eu ainda não achei resposta pra isso, mas sinto que de alguma maneira isso está relacionado com a minha vivencia. Já quis levar isso pra terapia, mas tenho medo que minha psicóloga ria de uma pergunta aparentemente tão simplesmente, mas que gerou um abalo sísmico dentro de mim. Ai Kaká, me pergunto que dom é esse que você tem de vir e levantar questões as vezes cretinas do tanto que me azucrinam, outras tão sensatas que me fazer repensar atitudes.  
            Pra que eu possa concluir esse texto meio bagunçado como a minha cabeça queria te contar qual foi a finalidade dele. Era só pra dizer duas coisas. Primeiro fico imensamente feliz de você não ter dado ouvidos a sua insegurança no começo do curso e desistido do mesmo. Que você está sim no curso certo e que vai fazer uma diferença enorme na vida de muita gente que lhe for dada a oportunidade de ajudar. A segunda é mais egoísta, e talvez nem seja egoísta e sim pessoal, uma forma de agradecer. Eu sei que você as vezes fica brava com minha teimosia, mas como criança que as vezes tem que quebrar a cara, eu me encaixo perfeitamente nesse perfil. E que é ótimo ter um anjo da guarda como você. Falo anjo não no sentido literal e sim de significado, porque uma vez que você me faz refletir e muitas vezes enxergar o que sozinha eu não conseguiria, acaba por resgatar de mim o que eu vivo esquecendo, e que muitas vezes é o melhor que posso ser! 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Espero que você saiba e nunca se esqueça!





Existem acontecimentos na vida, que eu fico sem entender se são uma dica do destino pra que eu perceba certas coisas que não perceberia sozinha ou se são a melhor forma que poderiam ter acontecido mesmo. Eu não tive uma irmã biológica, mas meu coração escolheu alguém para ocupar esse papel na minha vida. Muitos podem pensar que a convivência forçada por conta do grau de parentesco tenha sido motivo plausível para o início desse laço, e ao contrario de quem pensa isso, eu acredito que o laço real só nasceu porque houve aqui o que não há entre tantos irmãos, aqui há escuta.

Se eu morro de chorar com todas as minhas confusões que eu mesma causo, você vem com um abraço qualquer ou uma mensagem no meio do dia falando do seu amor por mim e eu saio do meu delírio de fim de mundo e agradeço por lhe ter na minha vida. Sabe, quando a gente vai crescendo, o tempo vai passando, você vai ganhando algumas coisas e perdendo outras tantas (pessoas também) a gente entende que aquela ideia clichê de que o que importa é ‘quem’ você tem na vida e não ‘o que’ você tem, é a mais pura verdade. E eu me orgulho de dizer que tenho e posso contar sempre com você.

Eu gosto das nossas implicâncias, gosto dos nossos risos incontidos e me orgulho tanto de ver que há pessoas que se encantam com nosso laço. Eu gosto até dos nossos choros, porque sei que eles estão seguros nesse lugar que nós criamos. Eu e você sabemos de todos os indesejáveis detalhes dos nossos ‘bastidores’ e por mais que todos achem a ‘peça’ encantadora sem enxergar todos os esforços que às vezes são feitos pra que a maquiagem de sorrisos esteja lá, quero que você saiba que com você ele sempre é sincero, mesmo que às vezes meio insosso, sem sal.

Sinto saudades quando você não está por perto, e me sinto segura quando você está do meu lado. Gosto da sensibilidade que tem sua alma, e de como me sinto tocada por ela quando nos falamos. Acho teu espírito sincero incrível e único, e acredito que esse seja um dos teus maiores tesouros. Nós temos uma saudade em comum, a saudade da nossa Rosa e assim como eu adoro quando dizem que me pareço com ela, fico feliz quando perguntam se eu e você somos irmãs. E mais, realmente acredito que somo irmãs, irmãs de alma, de coração. Saiba que comigo seu choro será sempre acalentado, seu riso será sempre regado de mais risos ainda e assim eles se multiplicarão. E por mais que inúmeras lagrimas ainda nos esperem, nossos risos serão muito maiores, e em uma quantidade que não pode ser calculada em uma forma lógica. E que indiferente de serem risos ou lagrimas, nós estaremos juntas. Afirmo isso com a única certeza que tenho pra lhe dar, a certeza do amor, e eu te amo.

Ps: espero que saiba disso tudo e que nunca se esqueça!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Olha amor


É tudo uma questão de fuga
Antes, o que te fazia fugir?
Do que está fugindo agora?

O não querer ficar não está no que há
E sim no que pode deixar de existir
Que se findará sem cotrole algum

Querer não pertencer
É crer que não se pode perder
Já que de fato não se tem.

Perdoe o partir
O não existir
O não sobreviver em um lugar senão em mim

Perdoe o voar
O deixar de estar
O não acreditar em historias que não terão fim

domingo, 14 de outubro de 2012

Meu reflexo


... foi então que pela primeira vez me olhei no espelho de maneira atenta, e vendo meus olhos refletidos diante de mim,  te enxerguei aqui. Incrível te ver em mim quando tudo que eu queria era exatamente isso. Refleti um instante, sentindo a pele arrepiar por conta do sussurro da vida em meus ouvidos dizendo que você sempre estaria aqui e firmei ainda mais a visão pra não te perder no reflexo dos meus olhos.

Eu tinha diante de mim àquela em quem sempre me espelhei. Aquela a quem cuidei a quem dei de mim o melhor que pude extrair. A mesma que tantas vezes me fez chorar a emoção da subjetividade particular de cada ser humano e me fez sorrir a alegria de cada pequena descoberta me fazia agora, chorar o sorriso de descobrir como a sua subjetividade vivia também em mim.

Fato é que sempre disseram que meu semblante lembrava o teu, passando algum tempo, agora dizem que minhas pétalas cada vez mais se assemelham as suas. De uma maneira bonita meu ego se inflava por ouvir que eu me parecia contigo, mas de uma maneira triste eu não conseguia acreditar veementemente nisso, foi então que te enxerguei no meu reflexo no espelho, nos traços do meu rosto e no fundo dos meus olhos...

A dor de não lhe ter por aqui em um abraço ainda é a mesma, independente de como me digam que eu tenho que passar a enxergar isso de uma maneira diferente, isso sempre será a pior dor que eu poderei sentir, mas não posso mentir, negligenciar ou omitir o fato de ter me sentido um pouquinho mais próxima de ti depois de ter-lhe enxergado em mim.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

(?)


Quando eu acreditei, tive bons argumentos pra tentar lhe convencer de que seria lindo pra nós se você comigo ficasse. Justifiquei, expliquei, planejei e você sempre se esquivava me deixando na dúvida se eu estava deixando algo faltar ou se o buraco era mesmo em mim. Cheguei a me culpar, creditar o meu fracasso à minha incapacidade de me entregar, ate perceber que meu erro com você foi justamente me entregar sem recíproca.
Achava curioso como você me chamou atenção. Achava intrigante como me submetia a certas situações pra te ter por perto, mesmo que nos descrevessem em amizade. Achava hipnotizante seu olhar e deliciosa à forma como você passeava pelo meu corpo. Mas o que mais alem de curiosidade pelo não entendimento existia entre nós? Foram citados alguns tantos sentimentos que definissem tudo, mas no fim, a única definição que restava era justamente a de fim.
Talvez eu devesse ter acreditado nos avisos que encontrei pelo caminho, mas eu teimosa como só, e com essa mania de acreditar, enxerguei em você algo que nunca aconteceu e que hoje sei que não acontecerá. Penso que minha teoria de que, há amores que nascem para serem guardados, apenas pra nos lembrar de que ainda somos capazes de amar, realmente seja real. Bom, ao menos com você foi.
Mas não me condeno! Como não se encantar por um lindo ponto de interrogação? Alguém com um olhar profundamente delicado e que lhe fazia carinho na alma com suas palavras?     Era impossível não enxergar tanto sensibilidade em um ser só. Ver em você as mesmas revoltas que as minhas porque o mundo estava do avesso. Sentir em você os mesmos sonhos que eu guardava embaixo do meu travesseiro. Era diferente. Era especial. Era você. Hoje já não é mais.
Ainda desejo em todas as minhas orações o seu bem. Solicito cuidados pra ti onde você não puder se cuidar e espero que você enxergue a capacidade enorme que tem de semear o bem e não a de gerar confusões nas vidas alheias rs. Apenas não era pra ser – como não foi – mas sempre sentirei algo muito bom transbordar de mim quando te vejo. Há anos é assim e duvido que isso mude.

Ps: Paz e flores.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

É aqui que dói


Você poderia me perdoar por não conseguir te esquecer? Por toda vez que fecho os olhos te ver de maneira nítida na minha frente? Seria você capaz de ignorar lágrimas furtivas mesmo em dias de sol quando tudo parecia estar indo bem? Você desculparia minhas negligencias com a minha dor por não ter suas mãos entre as minhas? Entenderia quando eu digo que eu nunca estive pronta pra ter ver ir embora e que nem se todo o tempo do mundo se consumisse em um segundo eu estaria preparada? Esconderia a decepção nos seus olhos ao perceber que não sou tão crescida ou madura pra me virar sozinha, e que sim, eu precisava de mais alguns abraços que me segurassem de pé. Ignoraria minhas súplicas um tanto quanto tolas, egoisticamente desesperadas pra te ter de volta? Tentaria me explicar como isso tudo pode terminar bem desde que eu me esforce? Mas que porra... eu não quero me esforçar. Eu não quero me esforçar pra ficar em um mundo que nunca me agradou e ainda por cima sem saber quando vou te ver outra vez. O que eu quero é me jogar no teu colo e chorar a saudade desses meses que se passaram como anos e que minha percepção já distorcida pela dor faz parecer séculos. Eu quero olhar pra você, colocar a mão no meu peito e te dizer: é aqui que dói! É aqui que não sara... sabe, me pergunto todos os dias: será que daí onde você está consegue ver o buraco que ficou por você já não mais estar aqui? Será que enxerga o amor que transborda em mim e que não tenho como lhe entregar? Você saberia me apertar em um abraço e dizer que entende quando todo mundo diz que você na verdade nunca irá embora de mim, quando a saudade que eu sinto e a vontade que tenho de te encontrar nunca me deixarão acreditar nisso. Saberia? Claro que saberia né? Você sempre sabia de tudo quando o tudo era eu. Sabia ler todos os meus sorrisos, meus fins de mundo e meus recomeços. Sinto falta da ausência de palavras, dos diálogos por assovios e dos abraços por olhares. Quem nessa vida me condenará por amar uma Rosa e por não saber conviver com a falta que ela faz e sempre fará? Hoje, o que tenho pra lhe dizer, é que as vezes, amar tanto assim dói muito...

domingo, 7 de outubro de 2012

Aprendendo a matar.



Eu não sei vocês, mas eu nasci e cresci ouvindo de uma pessoa digna de ser chamada de exemplo, que nós devíamos acreditar nas pessoas e em como elas podem fazer o bem se quiserem. Em como temos um sopro de vida dado por Deus, e como isso só pode ter deixado em nós um traço tão bom que somos sim capazes de praticar o amor e viver na esperança de dias melhores e pessoas que queiram fazer o bem.
Eu não sei vocês, mas eu cresci ouvindo da boca de uma pessoa incrível, que apesar de todas as asperezas da vida, ela sobreviveu, abdicou de seus espinhos e que ainda sim conseguia sorrir contando uma historia que pra muitos seria o fim. E que você tem duas saídas quando a vida te encurrala: ou você se agacha e chora feito criança esperando que um milagre te tire dali, ou arregaça as mangas e luta contra o que te fez ficar preso naquela ‘rua sem saída’.
Eu não sei vocês, mas eu cresci acreditando nas pessoas e que eu deveria sim confiar e tentar enxergar o que elas tem de melhor, por que no fim, seria isso que falaria mais alto. Que aquele tal sopro de Deus é o que nos faz no final ser bons e dignos de ser chamados de seres humanos...
Eu não sei vocês, mas depois de ouvir tudo isso dessa pessoa diferente de qualquer herói de quadrinho e que vencia uma batalha todo dia, eu entendi que mesmo acreditando, esperando o melhor e enxergando que as pessoas tem sim coisas tão boas que poderiam fazer um bem excepcional por ai, elas vão sim te decepcionar quando não corresponderem a sua expectativa de que elas podem agir de uma maneira não previsível e transcender. É ai que você tem que saber matar!
Eu não sei vocês, mas eu, mesmo aprendendo a acreditar, enxergar e esperar atitudes diferentes das pessoas, relutei muito pra aceitar que a vida tem suas mortes e que quando as pessoas não vão embora e se matam na sua vida por conta própria, você precisa aprender a matá-las. Não uma morte do corpo físico, e sim uma morte de presença, quando priva-se essa pessoa de todo o bem que você poderia fazer a ela. Que deve-se matar alem de pessoas, os sentimentos que elas fizeram nascer e que agora não tem onde continuar vivendo dentro de você.
Eu não sei vocês, mas eu me entristeço pensando em como podíamos ser melhores, em como há inúmeros exemplos disso, cada um em sua particularidade e que ainda sim preferimos viver na mediocridade do comodismo. Eu não sei vocês, mas eu aprendi a acreditar com quem melhor poderia ter me ensinado, uma Rosa sem espinhos e com um perfume que te fazia sonhar sonhos verdes. Eu não sei vocês, mas eu entendi que às vezes, pra que você possa continuar acreditando você precisa aprender a matar quem luta pra que você abra mão dessa capacidade.

Ps: o meu acreditar foi um presente ganhado de uma Rosa única e não há quem o tire de mim.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Meu Lugar


Estive pensando: minha Rosa foi – é – mais que uma simples rosa. Minha Rosa transcendeu todos os papeis que desempenhou por aqui. Foi mais que filha, mais que irmã, mais que esposa, mais que mãe... Minha Rosa foi maior e melhor que tudo que lhe pediram, tudo que lhe impuseram e tudo que ela quis ser e fazer. Era uma rosa que não tinha espinhos, uma pessoa de luz que clareou muitas vidas por ai – inclusive a minha.

Minha Rosa foi um lugar. Tinha cheiro, textura, calor. Não tinha hora marcada, seu tempo era só seu e eu adorava acompanhá-la na sua dança das horas. Tinha historias escritas que enchiam corredores daquela memória que guardava tanta lembrança que biblioteca nenhum poderia servir de repouso pra sua vivência. Sem contar o jeito (re) contá-las que me encantava cada vez que elas eram repetidas.

O lugar que eu chamava de minha Rosa, tinha um som tão característico que nunca mais o ouviria por ai senão dito por tua voz ecoada na memória que aos poucos vai sumindo de vez. Uma rouquidão grave e calorosa que aquecia ate a alma do amigo mais cético que viesse nos visitar. Um som que emitido ao pé do ouvido me enchia de um amor tão único, que amor nenhum serviria de comparação.

Um lugar tão especial que independente da sua dor, ela se amenizava quando você se aproximava dela. Tinha mãos tão calorosas que eram as únicas capazes de aquecer as minhas que agora passam semanas gélidas. Um colo tão protetor que até o mais terrível dos meus medos parecia nada quando eu estava aconchegada, aninhada ali. Sem falar do cheiro de segurança e de cuidado. Da proteção que inspirava aquele olhar tão doce.

Sinto falta da crença no amanhã, das soluções que viriam e que eu só precisava acreditar. Sinto falta de saber que por mais que o mundo fosse duro eu tinha onde desmoronar. Sinto falta desse lugar que era seu abraço. Sinto falta de quando segurava minhas mãos entre as suas e me chamava de ‘minha rosinha’, aquela era a hora em que eu me sentia mais orgulhosa, só porque eu pertencia à mesma matéria que você, minha Rosa.