quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Não sei


Enquanto eu escrevo, minha mãe preocupada, elabora seus planos infalíveis de tentar me fazer criar a tal responsabilidade, a tal maturidade, a tal felicidade que todos os comuns mortais acreditam possuir e merecer. Enquanto escrevo e expulso meus demônios, o mundo lá fora briga pra encontrar um eu meu que acho que só existe em memórias alheias, porque eu mesma pareço não me lembrar. Enquanto escrevo e banho minha alma em uma saudade morna, meu amor quer me cuidar, dar colo, me amar e eu só quero ficar sozinha. Enquanto escrevo e fujo da realidade que me machuca tanto, não preciso fazer escolhas, tomar decisões e assim arcar com responsabilidades. Enquanto escrevo me guardo de mim, me protejo dos meus devaneios e cuido pra que não me perca mais nos meus medos.           Enquanto eu escrevo e tento simplesmente organizar meus pensamentos, um mundo de pessoas tenta solucionar problemas meus que eu nem imagino existir. Enquanto eu escrevo e tento me acalmar, se descabelam por causa da minha passividade – patológico.

Eu me rendo.

domingo, 16 de setembro de 2012

Sonho.


- sabe aquela tentativa frustrada de entender o 'sem sentido', de querer saber porquê te tomam quem mais te vale e porque você tantas vezes se abandona ao longo do caminho sem a menor pena? Pois bem, ela anda me fazendo companhia outra vez. Se aproxima e se afasta de mim essa frustração de ser incapaz de entender coisas tão maiores que eu, tão maiores do que você, que só perde em proporção pra saudade que anda me consumindo. 

Semana passada sonhei com você. Um sonho diferente, irreal, que comprovou meus sustos causados por sua falta constante. Sonhei com você estando acordada. Te fiz outra vez parte da minha rotina e em um ato falho tão incompreensível como o amor, quis contar ao meu anjo da guarda como foi bom tomar um café contigo depois de um dia tão longo e tão cansativo. Me pergunto se alguém me ler será capaz de perceber, entender e me explicar o quão assustada eu fiquei? Meu sonho que não era sonho, que foi visto e quase vivido por conta de uma desorientação de tempo e espaço possibilitado pela imensa saudade que sinto de coisas tão pequenas como uma bebida quente no fim do dia? Suspiro...

Nessas horas tenho medo. Medo de enlouquecer. Medo de ficar presa na realidade que me tortura. Medo de ficar presa no meu mundo de menina que não sabe sofrer. Medo de não conseguir me mostrar. Medo de expor minha dor em excesso e assim se assustarem. Medo de ter medo. Medo dos meus medos se concretizarem e eu nunca mais ter o que mais me vale na vida e que a 10 meses não tenho, seu abraço. Odeio sentir isso, porque tanto o medo como a culpa me paralisam, e esses dois componentes somados a saudade me fazem perder a direção pra onde caminha. Me perco em palavras que pra muitos nem parecem ter nexo, então divago.

Meus devaneios quase que insanos são tão saudáveis quanto antibióticos diante de uma infecção gravíssima. São eles que me permitem enlouquecer na medida, o suficiente pra sentir, transbordar, gritar dores e amores e depois ao me acalmar chorar baixinho em meio a soluços o não entender o mundo sem a Rosa que o tornava mais bonito e menos áspero. São eles que amenizam minhas frustrações do não entendimento, da incapacidade de aceitar injustiças e me fazer doer um pouquinho menos quando o coração tiver em pedacinhos tão miúdos como polem de flor.