sábado, 26 de fevereiro de 2011

Rubro.

Meu dia foi colorido de vermelho. As roupas das pessoas que encontrava pela rua, depois daquela noite perturbada, com uma freqüência espantosa eram vermelhas. Vi detalhes vermelhos em objetos que eu não costumo prestar atenção, até mesmo em enfeites corriqueiros que todos usam querendo imitar suas árvores de natal, vinham dotados dessa cor. Fato que nos últimos dias tenho me apaixonado pelo rubro, essa cor quente, que exige presença de espírito pra quem ousa aderir sua força, essa cor instigante que alem de me lembrar prazeres quentes, trás a tona uma sensação nada confortável. Ruborizar não é algo agradável. Sentir o rosto queimar e em seguida derreter, enquanto a pessoa que lhe observa nota esse tom avermelhado nas maçãs do teu rosto não é algo que me encha os olhos. Mas ainda sim, me sinto apaixonada por essa cor. O vermelho das rosas apaixonadas; do sangue que lateja a ansiedade; das unhas da moça que seduz; da bebida que aguça desejos; na decoração excessiva e sugestiva daquele cômodo; da tinta da caneta dos escritos escondidos a seta chaves; da roupa que me tragava o espírito; o vermelho do meu rosto por não saber como (re)-agir. Hoje essa é a cor que me atrai que me distrai e que me assusta. Hoje pra onde quer que eu olhe o que for rubro me saltará os olhos como nenhuma outra cor. Hoje, quero a raiva que essa cor me inspirar e quero arder no desejo que ela me impõe...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Reflexão! Reflexão?


- E quando o corpo não obedece á razão, e o instinto diz repetitivas vezes um único nome? Teu raciocínio não consegue estabelecer nenhuma linha de pensamento concreta, além das vontades que insistem em rodopiar na tua mente até te deixarem zonza.  E quando você faz coisas que antes jurou não fazer e agora se vê surpresa ao agir assim? Tantas idéias, planos e expectativas que não consegue elaborar uma linha cronológica pra cada um deles. Então eles se embaralham, vão pra longe de ti, e você não mais consegue segurá-los. Ficas sem reação? Seria tão mais fácil se realmente ler mentes fosse algo possível, e não apenas mais uma graça de um domingo monótono, como todos os domingos. Tudo tão confuso, tudo tão novo, tudo tão incerto... Tudo tão bonito como um sorriso sincero e espontâneo. Será que esse amontoado de arrepios, de sensações, de olhares, e de vontades/necessidades deve ter um significado ou são apenas recortes de uma imaginação fértil?

- Ainda não sei.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Acordar? Mas eu ainda nem dormir...

Ser novamente atingida, senti-se despida de armaduras e de repente, o nada. Apenas o vazio e a incerteza. Drama ou realidade? Fato ou má interpretação? Sempre temi más interpretações, na verdade é o que mais me aterroriza na vida. Pena que temer não evita cenas lamentáveis. Não evita que o enredo se repita e que outra vez o caranguejo se assuste e queira se esconder... Que fuja do sentimento, do envolvimento, e da probabilidade de dor. O instinto te diz para correr, enquanto a vontade, o desejo e as emoções que a muito não eram despertados, te pedem para continuar. Sempre em frente. Confusão. Insônia, companheira fiel das horas de tormentas como essa. Poderia me dar licença por alguns minutos, pra que meu amigo sono venha discutir questões de necessidades físicas comigo? Não né?!?! Acho que não. Vais permanecer comigo ate o Sol se mostrar imponente pela manhã. Previsível. Já sei! Que tal um pouco de leitura? Quem sabe algumas músicas recitadas por Chico? Isso sempre te distraiu e acalmou. Não? Nem Chico te distrai? acho que temos um problema então. Dani-se o sono (ou a ausência dele)! A verdade é que a insônia nem me incomoda tanto essa noite, o que está a me consumir e a embrulhar meu estômago, é essa maldita ansiedade. Essa sim eu mataria se tivesse oportunidade. Raiva.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Comodismo.

Definitivamente, essa fora uma das noites mais longas da minha vida. Àquelas palavras cuspidas na minha cara ecoavam incessantemente na minha cabeça, e essas malditas lágrimas não me obedeciam, pareciam ter vontade própria e simplesmente saiam furtivas de mim. Conhecer o problema trás responsabilidades, mas não fazer a menor idéia de qual seja ele, trás conclusões drásticas, que somadas às frustrações de outrora, nada mais fazem que gerar mais perturbações. Os meus medos e vontades só fizeram ficarem mais explícitos, pulsantes, praticamente bailando na minha frente. Zombavam de mim, como palhaça desse enredo trágico, que se faz cômico de tão ridículo que me parece. Acovardo-me diante dos monstros que criei. Esses mesmos monstros que outrora eram nada mais que medos de estimação, e que agora nem mesmo cabem dentro do meu mundo chato. Uma canceriana sem lar. Que belo paradoxo, não? Que grotesco trocadilho com algo que tem me consumido a paz, isso sim. O coração está apertado, o choro está sendo contido, e eu estou maquiada de sorrisos. Hoje, nada mais sou que bicho acuado, esperando o próximo golpe.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O fato é...


   Por mais que tudo tenda a caminhar da forma mais perfeita possível, parece que eu simplesmente não consigo ser feliz. Parece-me que sempre, indiscutivelmente, na primeira oportunidade, passo automaticamente a procurar esse ou aquele motivo que me convençam do contrario do que decido. Vou sucumbindo dia após dia em desejos, vontades e fatos. Perdendo-me nesses tantos labirintos que construo incontestavelmente em toda historia que vivo. É praticamente não se achar digna o bastante de felicidade, sempre procurando a perfeição, sendo que nem eu mesma sei como é ser perfeita ou deixar de ser.

   Então me sobram essas vontades sufocantes de gritar, de sair correndo, de nadar até me sentir exausta, ou de simplesmente sair escrevendo aleatoriamente essas palavras que saem quase que abortadas pelo meu estado de espírito. O que eu simplesmente não posso é continuar me sentindo e agindo dessa forma... A superficialidade toma conta das interpretações alheias, quando na verdade, ninguém vê a profundidade do que tento dizer e expressar nessas atitudes tão sem nexo e às vezes infantis. Frustro-me.

   Já acreditei que eu estivesse simplesmente fadada a ser só. Que é a única forma que eu consigo sobreviver de forma íntegra diante de mim mesma, sem trair minhas verdades. Só que minha teoria sempre é desconstruída por presenças que acabam se fazendo importantes e derrubam minhas certezas de solidão. Será que você pode me dizer quais são essas tão gritantes verdades? Porque ao menos por hora, não as consigo ver. Por um tempo vivendo em estado de êxtase, logo em seguida me perdendo nesse meu mundo chato, só que agora estou sem minhas teorias para ser absolvida.

 Sinto-me sufocada por gritos outrora abafados, ensurdecida por esses silêncios intermináveis. Tantos pensamentos, rápidos de mais pra que eu os absorva por completo. Pensamentos dilacerados, mutilados, misturados a emoções confusas de quereres e porquês. Furacões de razões inconclusivas me arrastam para longe do que de fato é real. Alguém poderia, por favor, me seqüestrar de mim mesma, antes que eu mesma me enlouqueça?


Mãos atadas - Simone Saback



Tenho as mãos atadas ao redor do meu pescoço
Eu queria mesmo era tocar seu corpo
Reprimo meus momentos
Jogo fora os sentimentos e depois?
Depois toco meu corpo eu tenho frio
Sou um louco amargurado e até vazio
E me chamam atenção
Mas eu sou louco é de paixão e você?
Você que me retire desse poço
Eu sei ainda sou moço pra viver
E te ver assim tão crua
A verdade é toda nua
E ninguém vê
Eu tenho as mãos atadas sem ação
E um coração maior que eu para doar

Reprimo meus momentos
Jogo fora os sentimentos sem querer
Eu quero é me livrar
Voar
Sumir
Perder não sei, não sei, não sei querer mais
A qualquer hora é sempre agora chora
Quero cantar você
Vou fazer uma canção liberte o meu pensar
Aperte os cintos pra pousar
Agora é hora de dizer muito prazer sorte ou
azar e amar
Simplesmente amar você

[...]

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sim.



Mostrei-te meu lado mais bonito, e talvez o mais feio, e tudo que quisestes foi somente conhecer mais e mais. Despi minha alma, antes mesmo de imaginar eu e você. Vi meu reflexo no teu olho enquanto você me observava. Firmei os olhos tentando prestar atenção, mais atenção! Tentando ver se era realmente meu reflexo em você, ou simplesmente eu me enganando novamente. Adorei sentir que você não sabia como agir. Dando assim, um ar de pureza ao que estava acontecendo. Talvez eu ate tenha conseguido sentir tua ansiedade, ou talvez tenha sido apenas a minha, que em seu ápice me confundiu em você. Dia após dia você ocupou meu pensamento. Dia após dia cada vez mais me surpreende! Seu sorriso me distrai de tudo, e cada vez mais sinto meu coração descuidado de proteções exageradas. Você me pede espaço na minha vida só com o olhar! Esse quase rir, e tua risada, você até brilha quando gargalha. Talvez seja meu coração te pedindo pra entrar, talvez você também queira ficar. E mesmo com medo de depositar minha felicidade na responsabilidade de alguém, tenho pensado em como te pedir pra ficar de vez.



Um lago...
O vento soprando.
A ansiedade nos consumindo.
Me consumindo.

Uma idéia, Uma duvida, Mais um temor.
Espera, mais um pouco de ansiedade.
Fim.

Duas bocas se encontram,
Duas bocas se reconhecem.
Dois sorrisos em um só olhar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Minha kaká linda *-*


Verdade que ela escuta rap, e que vive brigando comigo, por isso ou aquilo, sempre puxando minhas orelhas. Verdade que já viu meu coraçãozinho apertado, e só por causa do meu tom de voz me perguntou: - Por que você tah brava?! Ai Deus! Mal sabia ela que a minha brabeza nada mais era que a dor de quem não sabe como sofrer. Verdade que ela cuida de mim, como criança carente que sou. Que diz que eu sou o orgulho dela, e vive brigando comigo pra que eu faça aquele bendito curso, ou então porque estou bebendo café de mais. Se revolta comigo, junto comigo, e fica ‘macha de mais’ quando a injustiça é grande o bastante pra não ter como ser digerida. É quem me põe no colo como irmã mais velha (queria dizer mãe, mas ela briga comigo se eu fizer isso), é quem já me viu desmanchar em pranto, segurando pra não me acompanhar no desprazer daquelas lágrimas. Verdade que vive me dizendo que sou sua terapia diária, quando pra ser franca, o contrario é bem mais verdadeiro... Tudo bem, eu sei que você tava certa quando disse que eu iria passar de primeira na prova de direção, e que você me disse que seria aprovada no concurso, e que eu não precisava me descabelar que nós íamos fazer aquela prova lindas e finas e ainda sim tirar uma notaaaaça... tah bom, tah bom, eu não esqueci que você me disse que a CROCS não machucava e eu bati o pé que qualquer sapato me machucava, ate eu comprar uma e ver que você estava certa DE NOVO. Enfim, já viu que dei o braço a torcer, e que você estava certa quase sempre. Mas não vá sair flutuando com o ego inflado, ok? ¬¬ hahaha Eu gosto da senhorita assim, humilde. kkkkkkk
O fato é que é tanta diferença, tanta coisa que sobra em uma e falta na outra, que essa dupla dinâmica de duas se torna imbatível. E eu amo tanto tanto ♥


Então... bora pra Piri comprar o brinco 
que a gente esqueceu-se da ultima vez que aparecemos por lá?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

      


    Verdade seja dita... Há tempos não me sentira tão atingida por um texto. Um amontoado de palavras em uma composição maestral, parecendo ter sido feita pra trazer a tona as minhas causas perdidas.
      Me vi presa a uma realidade que menosprezara a algum tempo, senti vergonha por estar vivendo uma vida contrária da que sonhara um dia. Senti vergonha por ter abandonado minhas causas, causas essas que mereciam alguém mais leal, que as defendesse a todo custo, e não quem as abandonasse desprotegidas e negligenciadas pelo caminho, quando me deparei com as primeiras dificuldades.
      Confesso que senti um tom irônico, um sabor amargo de sarcasmo naquelas linhas, meu rosto queimou, meu estomago deu piruetas e me senti nauseada. Como é isso de se tornar alguém tão diferente de quem se quis ser no passado? Será que sempre tendemos a ser quem menos simpatizamos? Será que a lógica do sistema é apontar e depois ser apontado?

“Os mortos que fazem a historia da humanidade estão mais vivos, mais presentes que nós, nós, que nos apresentamos agora e aqui, passivos e inertes.”


Quem me tornarei?!?!?!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

- Beija-flor





Cansei de palavras mal faladas, pessoas superficiais, julgamentos precipitados, histórias mal contadas, amores mal amados, sentimentos banalizados, vidas desperdiçadas,

Cansei de flores de plástico, de espinhos afiados, de beijos instantâneos, paixões platônicas, planos frustrados, planos executados, futuros perdidos, e sonhos utópicos.

Cansei de cuidados negligenciados, livros não lidos, músicas não ouvidas, abraços não dados, passos tão errados, oportunidades desprezadas, armaduras exageradas

Cansei de abrigos desmoronados, sorrisos forjados, felicidades inventadas, alegrias fingidas, versos escritos, versos rasgados, de escudos frágeis e de reações tardias.

Cansei de anjos de porcelana, de fugas da realidade, de gnomos no jardim, de fada dos dentes, de sortes recheadas de azar, de sóis frios e luas sem brilho nenhum.

Cansei de esperas inúteis, silêncios sem sentido, carinho desperdiçados, dessas crianças tão maduras, de adultos infantis, de pássaros mudos e pedras que choram.

E quando me cansei de quase tudo, vi o que realmente era de verdade, o que realmente valia a pena, o que de fato é o meu mundo e quem eu quero que faça parte dele...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Uma xícara de café por favor!

   Mais uma tarde que se espirava. Parecia mais um dia comum dentre tantos outros. Mas tinha algo de diferente ali. Talvez fosse o fato de ter dormido mal, ou até mesmo meu estado de espírito ou humor. Bem, não interessa... O que realmente importa é como o tempo parecia ter se desacelerado, como aquela cena que eu vira tantas e tantas vezes ao longo da minha vida, parecia tão cheia de significado e de sentimentalidade.

   Uma onda de sensações indecifráveis me invadiu. Quis sorrir, quis abraçá-la, mas também quis não fazer nada e apenas continuar olhando. Observando cada gesto daquela senhora, daquela criança perdida em meio às marcas do tempo em sua pele. O aroma da bebida quente me invadiu as narinas. Tentei absorver e decorar ao máximo o seu cheiro forte, para guardar aquela lembrança na minha coleção de memórias esquecidas. Foi quando ela se virou fitando-me.
    Olhou-me tão profundamente que me senti despida de qualquer semblante ou máscara. Ela via através de mim, como sempre fizera e eu nunca me dera conta. Um olhar tão profundo e cheio de significado, que era como se ela lê-se todas as minhas dores, e se ressentisse com elas. Foi quando me senti tocada, e então tive vontade de chorar... Antes que a senhora com olhar de menina me indaga-se o porquê das lágrimas nos olhos, eu lhe disse sem mais delongas...

- Obrigada Vó.

- Coitadinho (a)


Eu cresci vendo as pessoas reclamando de seus sórdidos destinos e da má sorte a que foram condicionadas. Sempre se lamentando disso ou daquilo, tentando depositar na conta de outros, o que era inteiramente responsabilidade delas. Insistindo em viver catando migalhas de atenção vindas da pena que despertavam nas pessoas com suas lamúrias cuidadosamente bem dramatizadas. Funciona assim, quem melhor interpretar o papel de vítima, menos responsável se torna por sua condição.

Acreditando dia após dia que somos como marionetes de um senhor carrasco que nos condiciona a nossos trágicos papéis, sem nos darmos conta de que a responsabilidade pela forma em que nos encontramos é inteiramente nossa. Que somos ensinados desde criança, pelo modelo do fazer, que nossa vida está nas mãos de qualquer pessoa menos nas nossas, que a responsabilidade que implica nossas atitudes não deve ser assumida por nós, e sim, jogada nas costas de alguém ou alguma coisa que nos livre do desprazer de sermos colocados no papel principal da nossa vida.

Por que é tão mais fácil achar justificativas da nossa infelicidade, do que tomar as rédeas da nossa existência, e assim poder fazer algo pra que momentos felizes aconteçam? Viver acusando tudo e todos por aquilo que nós mesmos causamos é inútil, até mesmo ingênuo. E sim, a ‘culpa’ de estar onde está não é de mais ninguém além de sua. Suas escolhas, decisões e afins te trouxeram onde está, e acredito que você não tenha tido uma arma encostada na tua cabeça quando decidiu fazer isso ou aquilo. Essas são exceções muito raras pra serem comentadas aqui.

Nós temos escolha. Não somos mártires vivos, como também não precisamos viver essa condição de coitadinhos, injustiçados pela vida porque isso ou aquilo não saiu como esperávamos. Se não deu certo, beleza, tenta de novo, talvez de outra forma, um dia sai como você espera e quer. Mas por favor, para de dramatizar a vida, porque assim você só vai perder toda a beleza que é VIVER...