Eu
poderia dizer que sinto saudades, mas isso seria muito pouco, eu poderia me
justificar com desculpas esfarrapadas sobre o porquê de não ter lhe procurado
antes, mas eu sei que você jogaria toda minha covardia nas minhas costas. Tenho
te lembrado mais e mais, bolado planos infalíveis de te encontrar sem querer
nem que seja pra que nossos olhares se esbarrem por alguns segundos enquanto na
minha cabeça estamos ouvindo coldplay enquanto aquele momento ‘mágico’ – pelo menos
pra mim – está acontecendo. Estou aqui vendo o tempo passar e pensando: nossa,
já faz meses que não nos falamos, e porra, até hoje não sei como foi que
paramos de nos falar. Esses dias passei pela nossa rua. Ela já não é mais tão secreta
como antes, já não pode ser uma boa guardiã dos nossos segredos, mas que mal
isso fará já que não temos mais segredos para criar nos suspiros calados de um
prazer barato. As vezes acho que sou uma mimada qualquer, preza no meu mundinho
de vontades satisfeitas e vendo que você não faz parte desse mundinho, pois você
sempre foi a corda bamba, sempre foi o não saber o que vem depois, você era o
meu frio na barriga por não saber o que viria amanhã. Você foi tudo que eu
sempre quis, todas as emoções misturadas que me deixavam suspensas no ar e eu
com o coração nas mãos e acelerado não soube como carregar isso para minha vida
além de uma vida cômoda de menina mimada que tem todas as vontades satisfeitas.
Eu que vivo pedindo noticias suas à vida, sempre me arrependo depois do pedido,
pois no fundo tenho um medo egoísta de saber que você provavelmente esteja
melhor sem os meus pitis, mas sei lá, eu não sei bem lidar com isso assim como não
sei lidar com uma porrada de coisas da vida, mas nem por isso paro de viver,
mas eu quis parar de viver tudo que tinha você, mas você atrevida sempre toma
conta dos meus pensamentos e me arrasta numa torrente de saudades e me deixa
imobilizada e cercada de memórias que me parecem quadros tão bonitos vistos de
longe. Esses mesmos quadros que me causam náuseas quando me aproximo pois vejo
que seus detalhes são chocantes demais pra que eu possa aguentar, então me
afasto e nos observo ali desenhadas como em um conto de fadas distante da minha
e de qualquer realidade que não seja o passado com sua beleza por lembrar só o
que agrada. E no fim das minhas longas divagações, quando chego no intimo do
meu ÂMAGO e me rendo a mim mesma deixando claro que amor eu senti por você,
recolho-me a um choro baixinho quase que imperceptível e logo adormeço, para
enfim sonhar com você e acordar frustrada mais uma vez.
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