sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sorria

Queria começar esse texto rindo, gargalhando de mim mesma. Queria caçoar da minha cara por acreditar nessas verdades que os outros arrotam por ai – quando não vomitam. Queria tirar sarro de mim mesma porque ingenuidade não combina com o tom dos meus olhos e eu já estou velha demais para acreditar que acreditando as coisas mudam. E queria me mijar em lembrar que assim que eu der ‘enter’ nesse texto, irá surgir uma fagulha de esperança que o mundo real seja a forma como eu enxergo o mundo. Egoísta demais? Infantil demais? Dane-se! No fim, descrições não fazem diferença. O comodismo é confortável, e eu acostumada com o mesmo, continuo olhando a vida daqui, alheia no meu refúgio de sentir sozinha para mim mesma, comigo mesma e sorrindo quando me perguntam o que eu penso sobre algo que é melhor que eu não me expresse.


Quando eu era mais nova, acreditava que falar verdades na cara de quem se esconde atrás de sorrisos exaustivos era o caminho para muita coisa boa, até perceber que a cada dia quem se esforçava mais – e se esforça -  para manter o sorriso sou eu. Uma pessoa que admirava muito, por suas convicções e crenças, hoje se tornou exatamente o contrário do discurso bonito que tantas vezes acariciou meus ouvidos. Outra que me enchia os olhos como levava a vida, de uma forma endonista e livre, hoje está amarrada a conceitos um tanto duvidosos de seus desejos reais. É isso então? É a isso que estamos condicionados? Nos tornar o que criticamos. Nos prender ao que tememos. Nos amarramos a esferas de ferro e ficar arrastando palavras e pensamentos em que em outro momento era tão nítidos e que agora não passam de lembranças embaçadas na memória?


Hoje estou envergonhada de mim, e eu merecia rir na minha cara por ironicamente ter os mesmos sorrisos que em outrora só serviam de crítica pra mim, e que hoje se tornaram a expressão mais comum em meu rosto, ou seja, nada verídico. Sei que ‘o poeta está vivo, foi ao inferno e voltou’, mas os traços e traumas do inferno não passam fácil assim, rápido assim, e enquanto isso não passar, valer-se de sorrisos para não escancarar as marcas desse lugar não é nada louvável. Enfim, quem você era e quem se tornou? Se nem isso sabe responder, sorria. Pelo menos comigo, funciona.

Nenhum comentário:

Postar um comentário