quarta-feira, 25 de maio de 2011

A dívida.


Eu não tenho tanto tempo quanto gostaria, e pelo tempo que eu tive, eu não sei se me sinto privilegiada ou cheia de remorço por não ter cometido o que senti vontade. Os meus conteporânios quase já não são presentes. Não por vontade deles... mas por causa da dívida que todos pagam, foram cobrados em seu devido tempo (ou não). Se foram... mas eu permaneci por aqui.

Na minha árvore genealógica, todos os que nela são parte de mim, são mais novos que eu pelo menos uns 20 anos. Sou senhora de mim, e finalmente sinto que conquistei a liberdade que na minha juventude fora tão sonhada. As pessoas que me disseram que em mim mandavam, aqui já nao estão e posso fazer o que bem entender, desde que minha saúde me permita. Liberdade forjada por um estado de saúde frágio que me limita a esses poucos metros quadrados onde me encontro.

Vivo cercada de amor e carinho, mas sinto uma solidão e um vazio que ninguém mais pudera preencher. Já não ouço as músicas da minha mocidade, e o que eu dançava quando jovem virou motivo de piada para juventude da vez. Triste... mal sabem o quanto vão sofrer quando sua vez chegar e como um nenem voltarem a precisar de cuidados. Mas não me preocupo, o tempo ensinará - como me ensinou. Chego a achar cômico o tanto que trabalhei na minha vida, e o tanto que hoje dou trabalho.

Tenho tantas marcas no rosto como tenho anos de caminhada. E esses tantos traços fortes talhados pelo tempo, na sua profundidade toda não são capazes de contar quantos apuros eu passei, quantas vezes quase conheci meu Deus, e quantas eu realmente senti essa vontade sem ter oportunidade. Ah... como eu tenho histórias pra contas, como tenho experiencias para dividir e evitar que os mesmos erros que cometi sejam repetidos por quem amo. Mas agora te pergunto: - Há quem queria ouvir? Poucos, por pena talvez. Ou quem sabe minha amargura já me consumiu e eu desaprendi a reconhecer um gesto sincero. Triste... 

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