terça-feira, 15 de novembro de 2011

Uma cafeteria. Dois amigos. Dois cafés. Uma dor.



Dois amigos se sentam em uma cafeteria, por um motivo qualquer, aleatório. Ambos têm o mesmo pedido, um café.
Quando o café chega, trazido pelas mãos da garçonete de olhar triste, um adoça em demasia o seu e o outro mantem a bebida quase intragável de tão amarga, fazendo parecer insuficiente a quantidade de açúcar que coloca na mesma.
Então provam da bebida, aprovam seus sabores contraditórios, e em seguida aquele a quem a bebida amarga pertencia diz:
- Li em algum lugar, que é o tempo que se dedica a flor que a torna importante.
 Ambos bebem um gole do café, e se entreolham.
O outro responde:
- Mas quando você saberá se todo o seu tempo, é tempo suficiente para que a flor se sinta importante?
- Acho que nunca saberá. O conceito de tempo é muito relativo. E caindo em eternos clichês, não é quanto tempo você dedica, é como você dedica esse tempo todo que você diz doar a flor.
[...] apenas o que ouviu toma outro gole da bebida quente e doce, e em seguida responde:
- Mas... (reluta em continuar a frase, mas ainda sim a termina) qualidade também é relativo. Como vou saber se o que é bom pra mim é bom para a flor?
- O problema real é quando nem a flor sabe o que é bom pra ela. O triste é quando não se sabe o que se quer e então não se dá por satisfeito com nada.
Silencio...
O dono da bebida doce diz:
- Pode ser que você tenha razão, embora acredite eu que sua visão pessimista de tudo, até do amor torne tudo mais amargo, tudo mais áspero do que deveria ser.
E toma outro gole da bebida doce.
- Ah meu caro! Tens nos olhos traços de belezas tão suaves quanto a de um apaixonado que ainda não perdeu a ilusão da eternidade.
- Pode sim ser que a ilusão da eternidade ainda esteja arraigada em mim, embora eu pense que isso não seja uma ilusão, enfim, só sei que não será desconstruindo todos os possíveis acertos que você evitará errar.
Toma outro gole doce de café e conclui dizendo:
- Não é não tentando que se evita o erro. Não é não se jogando de cabeça que se evita a queda. Você vai continuar errando, mas por outro lado, vai continuar tentando acertar se é essa sua verdadeira intenção. Durante um amor, você será jogado no chão varias vezes. Seja porque seu amor está lhe fazendo cocegas e você não se aguenta mais em pé, seja porque o beijo fora tão quente que consumiu as forças de suas pernas ou então porque lhe roubou o chão quando te deixou. Não importa amar te joga no chão o tempo todo, e, ou você aprende a se levantar seja pra revidar as cocegas, pra devolver o beijo ou simplesmente para voltar a caminhar – sozinho, mas ainda sim caminhando em frente – ou então permanecerá lá, caído, só, triste e com a ideia do erro tatuada no peito.
Respira fundo, toma o que resta da bebida doce e diz:
- A proposito, seu café está frio de mais, amargo de mais... Está não hora de joga-lo fora.
- ...


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