quinta-feira, 3 de maio de 2012

Madrugada.

                                 

    Acordei e ainda era noite, o vento batia na janela e eu sentia frio e transpirada muito. Havia tido outro pesadelo, eles andavam comuns nos últimos tempos a ponto de já ter me acostumado com eles, mas esse foi diferente, tudo estava diferente, exceto por aquela mesma sensação de esmagamento que deitara no peito outra vez.
   Olhei ao redor e concluí que estava de fato só. Me jogando de volta na cama, lamentei outra vez estar assim, mas não consegui saber como transformar tal estado. A boca amargava, o peito estava disparado e as mãos gélidas. Sentia um misto de frio e saudade que me arrancou lágrimas, e outra vez fui abraçada por minha única companhia de fato, a solidão.
   O quanto custa estar presa em si? Custam amizades, amores, valores e faz doer à alma que não consegue ver o sol. Uma vida inteira girando em torno de uma Rosa, uma vida que agora não consegue fazer girar-se em torno de si. Sem eixo girando em vão simplesmente por girar. Vivendo por viver, existindo apenas por covardia em casos mais extremos.
   Quantas vezes eu ainda vou olhar pra aquela foto até entender que passou? Quantos pesadelos ainda vão me assaltar o sono até que eu elabore e pare de me repetir? Quanto ainda falta perder e abrir mão pra que eu esteja de fato só? Eu nunca me achei um ser humano tão ruim assim pra ter que passar por tanta agonia, seria isso prepotência minha, realidade ou simplesmente uma tentativa de justificar meus atos?
   Meu corpo está exausto. Um reflexo de uma alma que a meses se arrasta. Nunca me vi tão só em toda minha vida mesmo com tantas pessoas querendo me fazer companhia. Eu que sempre pedi pra que alguém me salvasse antes que eu enlouquecesse, mal sabia que verdadeira loucura era o que estava por vir.
   Nas noites em que os pesadelos me visitam – que não são raras – passo horas olhando no espelho tentando redescobrir quem sou eu, se é que um dia eu já soube. É quando olho em volta e vejo que o que há em mim é essa saudade que me gela a alma e me arranca um choro tão dolorido como nunca antes fora chorado. Em noites como essa, percebo que tudo que posso fazer é rezar pra que eu consiga finalmente me salvar, porque ninguém pode ou vai fazer isso por mim.

Ps: que saudades da Rosa.


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