sábado, 23 de junho de 2012

O amanhã que não vai chegar

       Dos sete meses que se passaram, já tem alguns que estão me servindo de ensaio pra que eu volte naquela casa, na minha casa, na casa que pertencia à Rosa. Fico pensando, mal consigo passar na porta e nao virar o rosto, quem dirá adentrar e constatar tua ausencia. Você está escrita em cada parede, em cada planta, cada objeto teu ali, é uma parte de ti que ficou e que me agride a alma de uma forma aguda estar entre eles. Conservo na minha memória tudo como deixei no dia em que te deixei pela ultima vez, no domingo que me despedi e disse "até amanhã". Não houve o amanhã, e as vezes ainda sinto como se estivesse esperando ele chegar e te trazer de volta pra mim. Pode parecer clichê, podem me julgar o quanto quiserem, mas eu nunca vou entender o aceitar minha Rosa não estar mais comigo. Não há como fazer entender a diferença que há no simples ato de encarar a vida sem sua voz rouca me acordando, sem seu telefonema no meio da tarde me chamando pra tomar café fresquinho, sem a conversa através dos assovios, nossos significados não serão entendidos, porque nao foram vividos, e por isso não puderam ser sentidos como eu senti, como eu vivi, como eu a tive comigo em cada viela escura que passei. Nos tempos passados, se eu sentisse medo do escuro era só chamar seu nome, era só constatar que minha guerreira de rugas profundas viria com seu escudo de amor e logo a tormenta passaria, agora, o medo vem, eu chamo seu nome, e quem responde é a saudade. Que saudades minha Rosa...

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