domingo, 25 de novembro de 2012

O que vê quando fecha os olhos?



A pouco mais de um mês, minha rotina estava agitada. Eu estava mergulhada em afazeres, deveres e responsabilidades que introduzi na minha vida pra evitar falar de saudades. A pouco mais de um mês, eu estava numa confusão tão grande, em um caos maior ainda e meu único desejo era o de fuga para uma salvação que eu até hoje tenho duvidas se existe de fato. Tudo sendo soterrado, tudo que me ensinaram e que me construiu até pouco tempo atrás, ficando embaixo de escombros e entulhos dessa bagunça emocional que é minha vida desde que me entendo como gente, e que só se agravou mais com a partida da Rosa.
            Em terapia concluímos que estava na hora de desaguar alguns choros e morrer um pouco a cada dia pra quem sabe fazer nascer o que de saudável e bonito foi plantado pela Rosa em mim. Bem, o fiz. Me desacumulei, saí da tal zona de conforto de fingir não ver o que incomoda, o que dói, o que te desarma o espírito. E o que conclui? Conclui que há tanto em mim esperando pra ser olhado, pra ser visto. Deixei tanto de mim pra depois que historias de anos atrás aparentemente resolvidas me nocauteiam em um golpe só. Um cruzado de esquerda que me joga na lona em forma de uma única pergunta, e cá estou eu novamente, me interrogando sobre começos e términos, recomeços e confusões, perdida no meu mundo outra vez onde as questões não tem tempo e estão todas enfileiradas. Cuidadosamente colocadas umas ao lado da outras, me cercando e esperando pra que chegue a vez delas de serem vistas, resolvidas e que enfim possam descansar em paz (Ps: adorei o parafrasiamento).
            Depois que me desmontei adquiri novamente o habito de olhar o teto do meu quarto. Seja deitada no chão com as pernas em cima da cama, seja deitada na mesma. Passo um tempo significativo ali, refletindo sobre os quês e porquês de situações, reações e consequências que vivi. Tenho escrito com mais frequência, ouvido musicas que estavam guardadas e vendo filmes que de alguma maneira foram significativos ou que me trazem certa nostalgia. Algumas lembranças que foram deixadas de lado também estão retornando, elas geralmente trazem uma ou outra daquelas questões que estão enfileiradas a minha espera, mas penso que isso não seja de todo mal. Apesar da dor de olhar no espelho e ver que muitas coisas que eu gostaria que não fossem reais na verdade o são, sinto que será por esse caminho que eu possa aprender a distinguir o que é passado – mesmo que bom, mas ainda sim passado – do que está realmente acontecendo agora e do que pode se tornar um futuro em potencial.
            Ficando sozinha comigo, me desarmando e me colocando nua diante da minha verdade particular, as vezes não sei nem o que sentir do tanto que sinto sobre você, e sobre tudo que não foi dito, sobre o que foi vivido ou só planejado. Ali sem nenhuma proteção ou mascara o choro antes sufocado hoje se tornou recorrente, diário, e ousaria até dizer rotineiro. Sem as vestes de pessoa forte e capaz, sou só um choro de saudade abafado pelo medo de ser frágil quando a fragilidade na verdade era meu nome. E quando a dor da ausência dobra meus joelhos e eu caio chorando, sou a fragilidade estampada no rosto, sou o medo materializado nesse suor frio e sou ainda mais, sou a questão que toma meu tempo e minha sanidade, sou a duvida de não saber o porque do caminhar e o sentido do continuar. Sou eu sozinha com um amor tatuado alem da pele e implícito no olhar. Hoje, eu sou aquela que luta pra não vestir a máscara do sorriso.

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