quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A casa de João e Maria Rosa


Hoje quando acordei a primeira coisa que veio a minha mente foi a primeira vez em que cheguei a sua nova casa onde passei 17 anos da minha vida. Eu estava com a minha mãe e na época por ainda não termos um carro tínhamos descido em um ponto de ônibus errado e por isso já havíamos caminhado bastante. Minha mãe trazia meu irmão caçula de 1 anos nos braços e por isso eu estava caminhado também. Era curioso como eu estava cansada pelo tanto que já tinha andado, mas a ansiedade de encontrar a nova casa da minha Rosa era tão grande que eu nem me importaria em andar mais, estava eufórica por conhecer o quintal onde desfrutaria de tantas aventuras, reuniria todo meu batalhão de primos e brincaríamos de todas as brincadeiras que nosso avô brigão nos permitisse.
No dia anterior minha mãe havia dito que o quintal era enorme e que haveria arvores pra subirmos, que poderíamos brincar até a exaustão nos derrubar na cama. Dava pra correr, andar de bicicleta (a parte da bicicleta servia de estímulo) e desfrutarmos de todo o espaço com o que mais quiséssemos. Parecia o paraíso porque tinham associado à pessoa que mais me passava segurança no mundo com o que seria quase um parque de diversões pra uma criança que não costumava pedir muito pra se divertir.
            Minhas pernas de quatro anos de menina ansiosa de saudades e vontade de encontrar a Rosa já estavam exaustas, difícil exigir uma maratona de alguém tão nanica. E quando minha mãe percebeu meu cansaço, nos sentamos na calçada para descansar um pouco e como em uma visão do Oasis em um deserto ela me apareceu, linda, segura e com aquele sorriso tão gentil nos lábios. Seria eu capaz de descrever aqui a sensação que tenho guardada na lembrança ao encontrá-la? Penso que não. Foi como se eu tivesse sido tomada outra vez por aquela força mágica que move as crianças de todo mundo, e todo o cansaço desaparecesse. Eu estava simplesmente feliz. Minha heroína tinha pressentido o fato de estarmos perdidos e tinha nos encontrado por um acaso que eu só chamaria de amor.            
            Outras fagulhas de lembranças que tenho desse dia são o abraço apertado que esmagou a saudade da minha Rosa, o beijo no rosto com tanto carinho que fazia eu me sentir a pessoa mais especial do mundo e o cheiro da Rosa. O perfume que ela tinha cheiro de mãe/avó, incomparável e único que ficou tão marcado em mim que ao fechar os olhos e lembrar me vem nítido e me dispara o coração num sopro de saudade.
            

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